quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Liverpool - Passe vertical vs Manchester United




Era já uma característica visível no Dortmund de Klopp, que tenta transportar para Liverpool, o passe vertical, nomeadamente dos centrais para o espaço entre linhas.

Este tipo de construção por norma dá protagonismo aos centrais (a qualidade da construção de Hummels e a sua capacidade de descobrir os colegas mais adiantados ficou famosa) e foi isso que acabou por acontecer no jogo de domingo frente ao Manchester United, nomeadamente com o defesa francês Sakho a assumir o risco do passe vertical entre linhas.

Na minha opinião apesar da intenção clara, o Liverpool raramente se mostrou preparado para dar seguimento aos passes verticais entre linhas, sendo também possível questionar em alguns lances se a melhor decisão seria verticalizar o jogo naquele momento.

Além de quem recebia o passe entre linhas estar constantemente de costas para a baliza adversária, faltaram apoios próximos e/ou frontais que  permitissem aos reds continuar com bola, sendo nestes momentos o portador da bola, não raras vezes, fortemente pressionado acabando os lances por se perder.

Particular destaque para o papel do trio de meio-campo Lucas-Can-Henderson. Lucas na zona do pivô, acabava por recuar para a linha dos centrais (formação a 3) ou permanecia na posição 6 raramente ajustando para ser apoio frontal a quem recebia a bola de costas. Can e Henderson tinham tendência para dar muita profundidade em momentos precoces da construção. Isto tinha como consequência o arrastar das linhas do Manchester United que permitia aos jogadores da frente (nomeadamente o avançado Firmino) vir receber o passe dos centrais, ainda que depois, ficassem sem apoios próximos para jogar. Com Can mais à largura e Henderson no espaço interior, esta procura constante da profundidade dava-se não só numa fase inicial, mas também quando colega recebia bola no meio-campo adversário. Igualmente nota para os interiores que quando a bola se encontrava do seu lado também podiam dar largura ocupando o espaço entre central e lateral da sua equipa em zonas recuadas da construção (mais Can).

Neste quadro, coube maioritariamente aos 3 da frente receber o passe vertical com destaque para Firmino e Lallana. Dado o adiantamento dos interiores o brasileiro recuou bastante no corredor central, com Lallana e Milner (extremos) por dentro mas a procurarem movimentos para a frente não conferindo apoio. Muitas vezes, alternadamente, Lallana e Milner baixavam bastante (para fora do bloco) em espaço interior para terem bola no espaço entre o seu central e lateral. Recebiam a bola de costas e limitavam-se a devolver aos jogadores de trás. Nota para Lallana, que quando foi recebeu o passe vertical entre linhas, também devido ao movimento dos colegas, que o Liverpool conseguiu dar seguimento ao jogo. O facto de recuar e estar no meio fez com que Lucas conseguisse ser apoio frontal nestas situações.

Tendo em conta o passado de Klopp é de esperar que esta dinâmica se mantenha, no entanto, a ideia de ter jogadores a irem da frente para trás somente para tocar bola de costas e devolver à linha defensiva dando depois profundidade, juntamente com passe vertical para colegas que se encontram sozinhos parece ainda requerer algumas melhorias e maior variabilidade de movimentos

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