sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Barcelona - Distância entre jogadores e gestão da profundidade


Apesar de manter níveis consideráveis de posse de bola, parece pertinente dizer que o Barcelona de Luís Enrique está distante daquilo que era a equipa com Guardiola ou Villanova, quer pelas ideias quer também por boa parte dos protagonistas terem um perfil diferente dos seus antecessores. 

Na passada terça-feira frente ao Bayer Leverkusen a dificuldade em entrar no bloco alemão e chegar ao último terço foram evidentes durante boa parte da partida. A questão que me parece mais premente no Barcelona é a grande distância entre os seus jogadores que, apesar de pontualmente trazer algumas vantagens, impediu maior envolvimento e combinações num futebol curto e apoiado próprio do clube.

Os dois interiores, Iniesta e Rakitic começaram muito profundos e distantes entre si, quase sempre no espaço entre linhas. Estes movimentos acabavam por fazer recuar um pouco a linha média adversária, dando espaço a Pique, Mascherano e Busquets (que por vezes ficava junto dos centrais formando linha de 3) para progredir, mas retiraram alguma capacidade de atrair os médios do Leverkusen que por esta altura se sentiam muito confortáveis na partida.

Os 3 jogadores da frente, Suarez, Neymar e Ramírez, permaneceram muito profundos e abertos, participando pouco na construção em zonas precoces. Pontualmente baixavam para o espaço entre linhas mas sem grande sucesso. Aliás, este foi um dos pontos mais frágeis do Barça, quem recebia a bola entre linhas não tinha apoio próximo dada a distância entre jogadores. Quando a bola entrava dentro do bloco adversário, quase sempre os da frente procuravam profundidade, sendo o portador da bola "convidado" a fazer passe para as costas da defesa.

Última nota para a circulação de bola no meio-campo adversário, com todos os jogadores do Barça a procurarem movimentos à frente da linha da bola (Mathieu e Iniesta a juntarem-se aos 3 da frente) com o portador a não ter linha de passe próxima, restando centrais e Busquets atrás da linha da bola.

Este forçar da profundidade deu vantagem pontual ao Barça, porque causou alguma dúvida às linhas do Leverkusen mas a fluidez da circulação de bola saiu comprometida. Naturalmente foi mais fácil aos alemães saírem em contra-ataque, dada a dispersão pelo campo dos catalães no momento da perda




Na 2ª parte, o Barça modificou alguns aspectos. Os laterais projectados mais cedo e mais profundos, fizeram com que bloco do Leverkusen recuasse um pouco. Neymar permanentemente entre linhas, ainda que nem sempre devidamente apoiado e com as decisões mais ajustadas. Ramírez e Suarez profundos mas sem dar largura, no corredor central, também arrastaram a linha defensiva alemã

Mesmo tendo conseguido passar mais tempo no meio-campo adversário alguns problemas da primeira parte mantiveram-se como o pouco apoio a quem se encontrava entre linhas ou a dificuldade em dirigir jogo através de trás com a reduzida participação dos interiores.

As coisas só melhoraram verdadeiramente quando o Barça passou a tentar variar o corredor de jogo mais rapidamente, colocando muitos jogadores em zona de finalização para jogadas que acabaram com cruzamento para a frente da linha defensiva alemã. Foi esta a base da superioridade catalã que até resultaram em golo.






Por fim, e como o futebol está longe de ser linear, deixo alguns lances que acabam por contrariar o que acabei de escrever acima. É visível como os comportamentos são diferentes. Vemos Suarez a sair como apoio no momento certo e não a procurar profundidade quando colega recebe bola entre linhas ou como a grande profundidade dada causou dificuldades de ajuste ao Leverkusen que permitiram ao Barça, com Iniesta a receber entre linhas com o apoio de Neymar, chegar ao último terço com relativo perigo

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