terça-feira, 28 de junho de 2016

Por terras de França III

Algumas notas sobre a Polónia

No jogo frente à Suíça a Polónia apresentou-se  no habitual 4x4x2 clássico. Defensivamente fazem por ser compactos, têm um golo sofrido em 4 jogos, mas com bola são previsíveis, pese a qualidade individual na frente, sendo mais perigosos quando conseguem chegar rapidamente à baliza adversária após ganharem a bola.
Sem bola os polacos mantêm o 4x4x2 clássico (por vezes assumem variante 4x4x1x1). Lewandowski e Milik numa primeira linha de pressão tentam fazê-la juntos ocupando o meio, sendo que, muitas vezes não chegam a tempo de impedir progressão por espaço interior (a Suiça aproveitou este espaço maioritariamente através da condução do lateral, mas William ou um dos médios pode dirigir jogo a partir daqui), quando pressionam aí, deixam corredor central aberto. Apesar de os dois médios interiores estarem relativamente distantes dos colegas da frente, podem avançar para pressionar jogador que recebe bola e tentar não deixar enquadrar com a sua baliza se situação for favorável a isso. São efectivos e criteriosos no momento de pressionar mas é possível jogar nas suas costas.
Os extremos polacos defendem em função do lateral adversário. Na 1ª fase de construção se não há adiantamento, quando adversário recebe bola saem à pressão, se avançam acompanham directamente permanecendo à largura. Se Portugal optar por adiantar desde cedo os laterais poderá conseguir instalar-se mais tempo no meio-campo ofensivo, pois com os extremos a acompanhar laterais, os polacos perdem capacidade de pressão em zonas mais adiantadas.
A linha defensiva começou a partida de sábado subida e bem próxima dos médios. Os laterais têm tendência a acompanhar o extremo, mesmo que este se encontre em zonas baixas, pressionando mal este recebe bola. Nesta circunstância, são os centrais que asseguram a cobertura aos laterais e também quem avança e pressiona entre linhas quando bola entra nesse espaço, novamente se existirem condições para isso. Uma particularidade da linha defensiva polaca, reside no posicionamento dos laterais, apesar de pressionarem o extremo à largura, quando a bola está no meio e têm adversário directo entre linhas, ficam fixados na sua marcação e é possível explorar as suas costas neste momento.

A figura – Lewandowski

Lewandowski, avançado do Bayern Munique, é o jogador polaco com maior currículo. Na selecção, assume maior protagonismo na construção de jogo e baixa bastante para tocar mais vezes na bola e sai com frequência da zona de acção dos centrais. Varia entre jogar de costas como apoio frontal (mais frequente quando é referência em transição no meio) e enquadrar com a baliza adversária mesmo entre linhas para procurar fazer passe de ruptura. Não tem sempre o melhor critério, já que, por vezes força demasiado a progressão, mas é uma ajuda valiosa

Cai com frequência nos corredores laterais para receber bola, principalmente em transição, o que dificulta o aparecimento em zonas de finalização, e também por isso ainda não tem ainda qualquer golo neste Europeu.

(Texto originalmente publicado no Jornal Único)

Sem comentários:

Enviar um comentário