sexta-feira, 24 de junho de 2016

Alemanha e a gestão da ruptura




A propósito do jogo alemão neste Europeu, já aqui tinha referido as dificuldades sentidas em ultrapassar a última linha adversária em parte pela ausência de movimentos de ruptura nas costas da defesa de adversária, sendo este, naturalmente um espaço pouco aproveitado pela Alemanha nos primeiros dois jogos.

Na partida frente à Irlanda do Norte (e ressalvar que a oposição não foi tão forte) os alemães aparecem mais disponíveis e preparados para efectuar movimentos de ruptura, quer através da movimentação dos homens na última linha a forçar profundidade, quer por homens que apareciam de trás para a frente.

Muller juntou-se muitas vezes no corredor central ao avançado Gomez, deixando o lado direito a cargo de Khedira ou Ozil que por vezes aparecia na zona. Com a habitual forte presença entre linhas (já que, à esquerda Gotze também vinha para dentro) a Alemanha conseguiu romper a defesa norte-irlandesa, com os jogadores que tinham bola nesse espaço muitas vezes a procurarem jogar a um toque para quem aparecia na profundidade. Neste aspecto em concreto, especial destaque para Muller que foi mais quem entrou na ruptura com um timming assinalável. E os movimentos à profundidade não serviram somente para receber bola com a defesa irlandesa ultrapassada, também permitiram que o jogo exterior fosse melhorado, uma vez que, não raras vezes os laterais irlandeses foram arrastados para dentro permitindo a quem recebia a bola por fora, mais espaço para definir lance.

A Alemanha tem conseguido, fruto de um futebol de qualidade assinalável, jogar dentro do bloco adversário, fazendo bom uso do corredor central e espaço interior. No entanto, era notório que faltavam movimentos de ruptura dos jogadores sem bola na última linha para desequilibrar a defesa adversária, até porque com tanta presença entrelinhas, mas sem entradas no espaço, o jogo acabava por ir para os corredores laterais, não sendo aproveitadas as boas condições que os próprios jogadores criavam. No último jogo, ainda que com aspectos passíveis de serem melhorados, "bastou" a equipa identificar alguns momentos em que os movimentos de ruptura seriam pertinentes e a dificuldade em chegar ao último terço foi bem menor, até porque o portador da bola soube identificar o momento de procurar esse espaço. 

Nota final para a mecanização já referida acima, com bola a entrar entre linhas (muitas vezes vinda de fora) e jogador que recebe nesse espaço joga a um toque para entrada de terceiro homem na ruptura, esta é a situação que, por exemplo, originou o golo

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