segunda-feira, 16 de junho de 2014

Inglaterra vs Itália - A Construção Italiana



Já não é de agora, nem certamente novidade, mas é cada vez mais evidente que Prandelli alterou a tradicional forma de jogar da selecção italiana. É verdade que os ingleses tiveram dificuldade em controlar o espaço, a começar pelos dois jogadores mais adiantados Sturridge e Sterling, mas o mérito italiano é inquestionável.

Desde logo a opção por colocar três médios em zonas centrais e permanentemente fora do bloco inglês. Pilro, De Rossi e Verratti conseguiram atrair através de uma circulação baixa os seus adversários expondo a Inglaterra ainda mais no espaço entre linhas. E aqui chegados, referência para alguma assimetria existente. Se à esquerda Marchisio foge regularmente para zonas centrais e até próximas de Balotelli para receber bola, Candreva procura zonas interiores à direita e tem constantemente o apoio do lateral Darmian. Candreva explorou várias vezes o espaço entre central e lateral ao aparecer na profundidade quando Darmian tinha bola (2º golo italiano, por exemplo) Numa equipa que valoriza tanto o corredor central a largura é assegurada essencialmente pelos laterais que são solicitados quando o meio está fechado quer para dar alguma redundância à posse de bola, quer em profundidade (mais Darmian) nas costas da defesa adversária através de um passe longo. Mesmo com a bola no último terço a Itália sabe quando distinguir quando não é possível progredir e aí a solução passar por procurar os médios atrás para estes com espaço procurarem jogar nas costas da defesa contrária, num movimento que ocorreu várias vezes e não pareceu inocente.

Última referência à construção italiana para o momento em que a Inglaterra se encontrava em bloco baixo com quase todos os jogadores próximos da sua área. Constantes mudanças de corredor, com os laterais a conferirem largura e a terem um papel importante na circulação de bola, sempre com apoio recuado por trás. Nestas situações um dos três médios mais recuados avançou para o espaço entre linhas, algo não muito visto noutro tipo de lances.

Nem sempre o momento de perda da bola correspondeu à qualidade ofensiva demonstrada. Não tanto por uma exposição excessiva quando a equipa tinha a bola, mas antes por algumas falhas de posicionamento e/ou de reacção à perda. O jogador italiano mais próximo da bola nesse momento tenta efectuar pressão, acontece que várias vezes um dos 3 médios mais afastados não dava a cobertura devida, deixando muito espaço no corredor central passível de ser explorado (no golo da Inglaterra acresce a má abordagem de Verratti ao fechar à direita). Nota também para alguma dificuldade em compensar as constantes subidas dos laterais. A opção dos centrais foi sempre baixar, retirando profundidade e aumentado o espaço entre sectores, mas estiveram várias vezes bastante expostos ao contra-ataque inglês

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