quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Construção Italiana. Mudanças e o Protagonismo dos Centrais - Causa ou Consequência


No final do jogo com a Inglaterra fui bastante elogioso perante a circulação de bola italiana, sendo a que mais me impressionou, até ao momento, neste Mundial.

Com a Costa Rica já tinham sido visíveis algumas mudanças (Motta titular, e portanto menos presença em zonas precoces da construção) e mais procura de lançamentos longos para os avançados, mas no último jogo contra o Uruguai as alterações foram ainda mais longe.

Desde logo a estrutura. A Itália apresentou-se com 3 centrais que dadas as circunstâncias assumiram um protagonismo algo inesperado no ataque, nomeadamente Chiellini à esquerda e Barzagli à direita. Com dois avançados declarados no corredor central e que davam bastante profundidade, ainda que pontualmente recuassem para dar apoio entre linhas, e com Marchisio (um dos médios centro) a procurar dar profundidade), a Itália perdeu capacidade para jogar entre linhas, dentro do bloco adversário como fizera primeiro jogo. Com os jogadores distantes entre si, mesmo quando alguém recebia bola nesse espaço, quer para avançado através de jogo directo, quer para médio através de passe vertical, o portador da bola frequentemente não tinha apoio frontal próximo.

Mais do que falta de presença entre linhas, que também aconteceu, o que saltou à vista foi a incapacidade italiana de ligar jogo dentro do bloco adversário. O facto de ter jogadores muito profundos e adiantados permitiu aos aos centrais italianos espaço para conduzir no meio-campo uruguaio, nomeadamente Chiellini que procurou quase sempre a largura dada pelo externo De Sciglio. Mas referência para a incapacidade de mudar corredor no último terço, e algumas decisões discutíveis com bola, porque ao contrário do jogo com a Inglaterra, a Itália ao chegar próxima da área do Uruguai procurou cruzar, mesmo com poucas condições não procurando referências por trás para continuar a circular (que valha a verdade não existiam).

A Itália acabou por ser melhor quando um dos médios, nomeadamente Marchisio se juntava aos centrais e também dava largura. Uma vez que o Uruguai com uma última linha de 5 homens não colocava tanta gente no corredor lateral, a Itália conseguiu progredir desta forma, ainda que os lances acabassem quase invariavelmente com cruzamento

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