É bastante curiosa a forma como a França aborda o jogo sem bola, por um lado porque há uma intenção clara de aproveitar o momento em que a recupera chegando rapidamente à baliza adversária (libertando alguns jogadores da tarefa de baixa até ao último terço) e pela forma como procuram retirar partido da capacidade física de Pogba e Matuidi.
A França começou por ter uma presença forte à entrada do meio-campo adversário com os extremos a ocuparem posições interiores para pressionar. Benzema em zona central e mais próximo de Giroud formando uma primeira linha, Valbuena mais recuado. Os problemas começaram quando a Nigéria ultrapassava esta primeira fase de pressão (o que aconteceu com frequência até aos 70 minutos). Essencialmente a França negligenciou as coberturas ao homem que saia na pressão, e com a linha defensiva dada a pouca exposição na profundidade, originou espaço entre linhas para o adversário jogar.
Quando a primeira linha de pressão era ultrapassada, frequentemente Matuidi e Pogba saiam ao homem da bola (quer no corredor central, quer à esquerda onde Ambrose recebia sem oposição dada a propensão de Benzema pressionar no meio), sem a devida cobertura, sendo que rapidamente a Nigéria conseguia alcançar o último terço. E aqui começa o problema do critério, os dois homens saiam a pressionar quando o contexto parecia mais favorável a ocupar posição mais recuada que evitasse exposição entre linhas. A França aposta muito na capacidade de Matuidi e Pogba cobrirem grandes espaços, estes dois jogadores nem sempre basculam para assegurar cobertura ao colega e a disponibilidade dos extremos para baixar não foi grande.
Quando a bola chegava ao meio-campo francês maioritariamente os gauleses defenderam com 7 ou 8 jogadores. A aposta no momento de transição deixando os extremos mais libertos de tarefas defensivas é clara. Neste quadro, Matuidi e Pogba eram quem assegurava as coberturas aos laterais. E aqui surge novamente a questão do critério. Mesmo muitas vezes com uma linha de à frente da defesa e com pouco apoio próximo em bloco baixo, o meio-campo francês não abdicou de sair a pressionar o portador da bola. Novamente surgiram os problemas verificados à frente. Quem pressionava não tinha cobertura e os nigerianos conseguiram jogar entre linhas. Consequência da pouca presença numérica nesta zona foi também, e naturalmente, a facilidade com que os nigerianos conseguiram mudar de corredor e ganhar vantagem nos corredores laterais com hipótese de cruzamento, nomeadamente com a subida constante dos laterais.
A outra face da moeda foi o perigo que a França representou no momento em que ganhava a bola. Com Valbuena, Benzema e Giroud prontos para atacar só alguma falta de critério não permitiu que as condições favoráveis que criaram resultassem em golo. Nota para a tentativa de pelo menos dois jogadores conferirem num primeiro momento profundidade arrastando advesário para Pogba e/ou Matuidi surgirem rapidamente no apoio ao portador da bola com espaço e assim avançarem para o meio-campo contrário
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