Comecemos pela abordagem do Brasil ao jogo da meia-final, nomeadamente do ponto de vista defensivo. A equipa procurou condicionar a Alemanha logo no momento da perda de bola e tendo em conta o número de jogadores atrás da linha da bola não se pode dizer que foi por aí que os brasileiros se expuseram para sentirem tantas dificuldades.
Desde logo verificaram-se alguns comportamentos já descritos aqui na análise do jogo frente à Croácia. A pressão mais alta do Brasil levou a que um dos médios do duplo-pivô se adiantasse para pressionar, acompanhando o jogador alemão que saia fora do bloco para receber. No entanto, não tinha a devida cobertura o que permitiu à Alemanha jogar entre linhas com alguma facilidade. E aqui nota para um dos principais problemas brasileiros: a distância entre Luiz Gustavo e Fernandinho, duplo pivô foi sempre considerável o que potenciou o espaço no corredor central. O Brasil tentou ocupar o espaço entre linhas com um dos centrais a entrar nesse espaço, mas a linha defensiva baixava bastante e o espaço mantinha-se. Outro ponto importante da pressão mais alta foi o adiantamento dos laterais, nomeadamente Marcelo, tendo em conta que um dos médios que se adiantava também não é complicado perceber que as suas costas foram um foco permanente de instabilidade. Em transição, mesmo quando Luiz Gustavo ocupou o seu lugar, existiram dificuldades na abordagem individual, nomeadamente a atracção pela bola que permitiu à Alemanha avançar.
A ocupação do último terço foi igualmente temerária. A defender constantemente com poucos jogadores, o Brasil teve dificuldades. Realce para a pouca disponibilidade dos extremos em baixarem e ocuparem o espaço interior e mesmo nestas condições Gustavo e Fernandinho continuaram a sair na pressão não preservando o espaço central e sendo atraídos com a bola a entrar com frequência nas suas costas. Destaque para a resposta aos cruzamentos, sendo que, o Brasil não se precaveu para o movimento típico alemão que consiste em um jogador forçar a profundidade no momento do cruzamento para existir espaço à frente da defesa no momento de finalizar (o golo de Kroos é o melhor exemplo). Não só a linha defensiva recuou em demasia, como Luiz Gustavo e Fernandinho não estavam devidamente posicionados, bem como os extremos não se mostraram disponíveis para baixar tanto
Pese embora todo o mérito alemão, e mesmo tendo em conta o avolumar de resultado que tem como consequência natural o baixar de intensidade e concentração há um aspecto teima em ser uma constante no jogo alemão.
Alemanha - Uma Questão de Cobertura
Pese embora todo o mérito alemão, e mesmo tendo em conta o avolumar de resultado que tem como consequência natural o baixar de intensidade e concentração há um aspecto teima em ser uma constante no jogo alemão.
A Alemanha estruturou-se grande parte do tempo em 4x1x4x1 quando se encontrava sem bola. Schweinsteiger fez o papel de pivô, sempre mais próximo dos centrais que dos dois médios mais adiantados e nem sempre basculando com o movimento da bola (nomeadamente quando esta se encontrava em espaços interiores). Quando um dos médios, Khedira ou Kroos, se adiantava para pressionar a bola acabava, por vezes, por entrar nas suas costas através de um passe vertical, a restante linha média nunca pareceu preparada para esta pressão do colega, parecendo um acto algo descontextualizado. Schweinsteiger um pouco longe da zona da bola e os alas (Ozil e Muller) também demasiado adiantados e abertos acabavam por ser batidos. Nota para a especial fragilidade de Muller na ocupação de espaços interiores.
Foi visível ao longo de todo o encontro a forma algo negligente como a Alemanha não garante cobertura a quem sai na pressão, o que permite, por exemplo ao portador da bola no corredor lateral ir de fora para dentro com a bola controlada, e com espaço entre linhas para explorar, até porque quando são ultrapassados, ou seja, quando estão atrás da linha da bola, nem Khedira nem Kroos são especialmente rápidos a recuar e a recuperar posição. A evitar males maiores surge a linha defensiva que apesar de numa primeira fase de construção adversária estar alta, quando surge um passe vertical para as costas dos médios tende a baixar para junto da linha da sua grande área.
A Alemanha parece estar sempre disposta a sair à pressão ao portador da bola, por vezes até com mais que um jogador, mas por vezes não enquadra um segundo ou terceiro elemento que assegure a ocupação de espaço caso o primeiro colega seja ultrapassado
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