O jogo começou como seria de esperar com a Argentina num bloco mais baixo, duas linhas de 4, com Messi e Higuain adiantados, ainda assim mais próximos da linha média se tivermos em consideração os jogos anteriores. Os alemães e com a ausência de Khedira, optaram por inicialmente manter uma estrutura mais fixa com Schweinsteiger e Kroos permanentemente a jogar fora do bloco argentino, colocando Kramer, Muller e Ozil entre linhas, nota para o jogador do Arsenal que várias vezes, nesta fase, abandonou o corredor esquerdo para ocupar zonas centrais.
Tal como nos restantes jogos do Mundial, os alemães conseguiram colocar a bola no espaço à frente da linha defensiva adversária com alguma facilidade e inusitada frequência, mas aí voltaram a ter dificuldade em definir. Se a densidade numérica nessa zona ajudou a receber bola, a verdade é que dada a pouca projecção do lateral Howedes e a pouca mobilidade do duplo-pivô ajudam a explicar a pouca largura, tendo quase invariavelmente os alemães tentado optar por combinações no meio através de tabelas ou envolvendo 3 jogadores a poucos toques.
Com a substituição de Kramer por Schurrle ainda durante a primeira parte, Ozil passa em definitivo para o meio e o jogador do Chelsea passa a dar largura à esquerda. Ozil tenta assumir maior protagonismo na construção que Kramer, recuando para ter bola e não se limita a jogar de costas para baliza adversária, juntamente com a largura de Schurrle cria outro tipo de problemas aos argentinos. Ainda que esta estratégia tenha o reverso da medalha, porque foi neste período que a Argentina teve mais bola, dada alguma perda de fluidez na circulação de bola.
Por fim, a mudança provocada por Sabella ao substituir Lavezzi por Aguero. Como seria expectável, desfez as duas linhas de 4, com o jogador do Manchester City a ocupar zonas mais centrais. Consequentemente a Argentina defendeu com 7 jogadores várias vezes (4+3 ou em alternativa 5+2), nomeadamente a partir do momento que a Alemanha começava a circular bola no seu meio-campo. Os alemães sempre na procura do corredor central nem sempre tiveram a paciência necessária para ultrapassar a Argentina, sendo visível uma procura nem sempre criteriosa pela profundidade e o espaço nas costas da defesa. Em todas as fases do jogo realce para a forma como as referências à largura alemãs acabaram por fixar os laterais argentinos potenciando o espaço entre central e lateral que a Alemanha tentou explorar
Nota para o golo que acaba por entregar o Mundial à Alemanha. Schurrle baixa para ter bola, conduz à largura até ao espaço previamente aclarado por Goetze que acaba por finalizar nas costas dos centrais argentinos após cruzamento. Curiosamente não foi pelo corredor central, nem através de combinações curtas, que os alemães chegaram ao golo
(Este é o último post sobre o Mundial 2014. O blog entra agora em período de férias. Qualquer contacto pode ser realizado através do email do blog ou via facebook.)
Sem comentários:
Enviar um comentário