sábado, 28 de junho de 2014

Portugal vs Gana - Postura Defensiva Ganesa e Resposta Portuguesa

Dadas as circunstâncias, o Portugal vs Gana seria sempre um jogo onde ambas as equipas teriam como prioridade ao longo da partida chegar ao golo, o que deixava antever um jogo aberto. Portugal foi sempre quem melhor pareceu adaptado a estas necessidades ao longo da partida, não comprometendo desde cedo, outros aspectos para atingir o objectivo.

O video, que não contem lances da 2ª parte por impossibilidades técnicas, traz alguns lances onde é visível a forma como facilmente o Gana defende com sete e até seis jogadores no último terço durante algum tempo, permitindo a Portugal entrar dentro da sua estrutura com alguma facilidade. 

Factor chave para esta situação o facto de os extremos ganeses (André Ayew e Atsu) não baixarem para junto dos dois médios ou quando o faziam não fecharem o corredor central ocupando espaço interior. O Gana defendeu em vários momentos com a linha defensiva mais os dois médios-centro próximos da sua área o que levantou naturalmente alguns problemas.

Portugal retirou algum proveito desta estratégia ganesa. Em fases precoces de construção conseguiu soltar o lateral, nomeadamente João Pereira, que se viu em condições de transportar a bola (e o jogo) para o meio-campo ganês, foi assim que o lateral do Valência cruzou para a oportunidade desperdiçada por Ronaldo. Quando construiu pelo meio, e porque passada a primeira fase de pressão nem sempre os avançados africanos participavam defensivamente, Portugal foi encontrando com alguma frequência espaço entre linhas, e mesmo quando a bola entrava aí, muitas vezes os extremos ganeses não baixaram para auxiliar defensivamente. Mesmo com construção central a última solução passou quase sempre por procurar a largura e consequente cruzamento também porque a linha defensiva baixava bastante. Ainda assim e dado o espaço  "oferecido" Portugal ter tentado outras hipóteses com maior frequência como o passe para trás (último lance do video) ou a procura do espaço em profundidade entre central e lateral, para dar alguns exemplos

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Construção Italiana. Mudanças e o Protagonismo dos Centrais - Causa ou Consequência


No final do jogo com a Inglaterra fui bastante elogioso perante a circulação de bola italiana, sendo a que mais me impressionou, até ao momento, neste Mundial.

Com a Costa Rica já tinham sido visíveis algumas mudanças (Motta titular, e portanto menos presença em zonas precoces da construção) e mais procura de lançamentos longos para os avançados, mas no último jogo contra o Uruguai as alterações foram ainda mais longe.

Desde logo a estrutura. A Itália apresentou-se com 3 centrais que dadas as circunstâncias assumiram um protagonismo algo inesperado no ataque, nomeadamente Chiellini à esquerda e Barzagli à direita. Com dois avançados declarados no corredor central e que davam bastante profundidade, ainda que pontualmente recuassem para dar apoio entre linhas, e com Marchisio (um dos médios centro) a procurar dar profundidade), a Itália perdeu capacidade para jogar entre linhas, dentro do bloco adversário como fizera primeiro jogo. Com os jogadores distantes entre si, mesmo quando alguém recebia bola nesse espaço, quer para avançado através de jogo directo, quer para médio através de passe vertical, o portador da bola frequentemente não tinha apoio frontal próximo.

Mais do que falta de presença entre linhas, que também aconteceu, o que saltou à vista foi a incapacidade italiana de ligar jogo dentro do bloco adversário. O facto de ter jogadores muito profundos e adiantados permitiu aos aos centrais italianos espaço para conduzir no meio-campo uruguaio, nomeadamente Chiellini que procurou quase sempre a largura dada pelo externo De Sciglio. Mas referência para a incapacidade de mudar corredor no último terço, e algumas decisões discutíveis com bola, porque ao contrário do jogo com a Inglaterra, a Itália ao chegar próxima da área do Uruguai procurou cruzar, mesmo com poucas condições não procurando referências por trás para continuar a circular (que valha a verdade não existiam).

A Itália acabou por ser melhor quando um dos médios, nomeadamente Marchisio se juntava aos centrais e também dava largura. Uma vez que o Uruguai com uma última linha de 5 homens não colocava tanta gente no corredor lateral, a Itália conseguiu progredir desta forma, ainda que os lances acabassem quase invariavelmente com cruzamento

sábado, 21 de junho de 2014

EUA - Algumas Notas. O Que Pode Encontrar Portugal

Deixo aqui a pouco mais de 24 do jogo de amanhã, uma breve análise aos 4 momentos de jogo dos EUA frente ao Gana, ficando a faltar as bolas paradas. Do jogo do Gana fica por saber se o selecionador repetirá alguns aspectos nomeadamente a pouca participação dos avançados em organização defensiva









Organização Ofensiva


  • Globalmente os EUA fazem muito uso do jogo entre linhas onde um dos avançados, mais frequente Dempsey, aparece com regularidade. Apesar de recorrerem bastante a passes verticais, acabando o jogador que recebe esses passes de costas para a baliza há a clara intenção dos colegas de conferirem apoio frontal, sendo este talvez um dos pontos mais fortes da equipa. Os laterais aparecem sempre projectados e são solicitados no último terço, em dinâmica do 3º homem, após jogador que recebe de colega entre linhas solicitá-los à largura e profundidade. Outra característica a ter em conta, e que estão ligadas às anteriores são as constantes mudanças de corredor.
  • Os EUA tentam sempre sair a jogar curto. Bradley apesar de ser o médio ofensivo baixa para junto do pivô, sendo por vezes quem recua para junto dos centrais formando uma linha de 3 (opção recorrente). Os médios interiores começam por dar bastante profundidade, ainda que pouca largura, mas a intenção passa por recuar para serem linhas de passe. Se recebem de costas procuram apoio de médio-centro, se conseguem rodar tendem a procurar lateral que aparece à largura em profundidade. Ainda que quando os EUA consigam sair a circulação ganhe qualidade, parece que se forem condicionados no seu meio-campo são forçados a jogar longo, e em dificuldade para avançado
  • Quando alas dão largura e existe oportunidade também podemos ver um dos avançados a entrar no espaço entre central e lateral. Pode receber de costas e procurar apoio frontal, ou aparecer entre linhas após ter recuado, como Dempsey no primeiro golo. Nota para o movimento dos avançados que quando têm espaço tendem a afastar-se para proporcionar ao colega espaço para progredir com bola.

Organização Defensiva

  • EUA com duas linhas de 4 jogadores em bloco médio baixo. Avançados pouco participativos, permitem constantes mudanças de corredor ainda que por fora do bloco. Em construção baixa são atraídos por referências individuais e não têm como prioridade ocupar corredor central. Nota para apesar da presença no corredor lateral, a equipa não ser especialmente pressionante sobre a bola, o que permitiu ao Gana cruzar com alguma facilidade 
  • As duas linhas de 4 são compactas entre si, ainda que existam alguns pontos a explorar. Desde logo a cobertura dos médios quando a bola se encontra no corredor lateral. Nomeadamente Bradley nem sempre assegura a cobertura ao ala acabando por existir algum espaço entre linhas passível de ser explorado, e facilitando a entrada da bola entre central e lateral. O golo ganês é o espelho deste ponto. No momento em que o lateral ganês conduziu para dentro, Jones (ala) não fechou espaço interior, lateral foi arrastado para fora e Bradley não ocupou espaço entre linhas permitindo a avançado ganês receber entre central e lateral
  • Quando a bola se encontrava no último terço, os médios tendiam a realizar cobertura um pouco distantes da zona da bola e próximos dos centrais, deixando assim espaço à frente da linha defensiva.. Esta situação tornou-se clara quando com alguma facilidade os extremos ganeses conseguiram conduzir para dentro (ainda que eu ache possível envolver mais jogadores para retirar maior partido da situação).

Transição Defensiva
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  • Os EUA revelam também aqui alguns aspectos passíveis de serem explorados pelos portugueses. Como foi escrito acima em construção baixa, Bradley recua dando os médios interiores bastante profundidade, juntamente com um lateral. Quando os EUA perdem bola nesta fase, a equipa pode ficar exposta, e com alguma facilidade com um passe colocar 3 ou 4 jogadores atrás da linha da bola, ficando pela frente somente a sub-estrutura de equilíbrio Beckerman e 3 jogadores da linha defensiva.

  • Dada alguma exposição a linha defensiva dos EUA tende a recuar, o que naturalmente deixa algum espaço ao meio para progredir, o que aconteceu contra o Gana. Os ganeses não se limitaram a aproveitar o espaço concedido ao meio numa primeira fase, mas depois apareceram à largura para aproveitar o adiantamento do lateral que se havia projectado no momento ofensivo  anterior dos EUA


Transição Ofensiva


  • Os EUA apostam bastante no momento em que ganham a bola, ainda que, no jogo com o Gana estivessem um pouco abaixo nesse aspecto daquilo que podem fazer, também porque alguns passes relativamente fáceis e tomadas de decisão não foram as melhores.
  • Os EUA têm alguma vantagem neste momento porque têm dois jogadores, os avançados, que pouco participam na organização defensiva, nomeadamente quando o bloco é mais baixo. Assim colocam com facilidade 3 jogadores adiantados (por norma um ala) em zonas adiantadas. A restante equipa também é rápida a adiantar-se, nomeadamente os dois médios. Repetem-se alguns movimentos da circulação ofensiva, nomeadamente a procura de um avançado entre linhas. Procura de profundidade por um ou dois jogadores (avançado sem bola tende a ir na profundidade) permite ao jogador com bola ter espaço para progredir. Bradley apesar de ser rápido a incorporar-se pode ficar recuado para assegurar mudança de corredor, com jogadores do lado contrário ao inicial a também chegarem ao meio-campo adversário com alguma facilidade

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Espanha vs Chile - O Ataque ao Último Terço. A Fragilidade Espanhola

Começo por fazer referência ao que foi escrito no jogodirecto não só por concordar na íntegra, mas para destacar o "volume de erros técnicos" que prejudicou a posse espanhola e que foram de todo inesperados e invulgares.

O video e o motivo deste post, prendem-se com a incapacidade demonstrada pelos espanhóis em circular a bola com qualidade no meio-campo adversário, mesmo em circunstâncias aparentemente vantajosas. Ao contrário da Holanda, o Chile optou por pressionar mais à frente incomodando os centrais, o que levou a Espanha em algumas ocasiões a procurar o jogo directo, mas também permitiu chegar ao meio-campo chileno com frequência assinalável, ainda que a linha defensiva chilena (muitas vezes de 5 elementos), baixasse consideravelmente diminuindo o risco de passe para as suas costas.

Com a pressão alta do Chile a Espanha procurou garantir presença fora do bloco para fazer a sua habitual circulação de bola. Iniesta baixou para junto de Alonso e Busquets com alguma frequência e Silva também se chegou a juntar. Isto fez com que  Diaz e Aránguiz se adiantassem para pressionar, partindo o bloco chileno deixando muito espaço entre linhas. Mas aqui começavam os problemas espanhóis. Com tanta presença atrás e muitas vezes com Pedro e Diego Costa preocupados em assegurar profundidade a verdade é que a Espanha criou espaçou mas não teve aí grande presença. Com alguma frequência jogadores recebiam bola entre linhas, já próximos da área adversária mas com poucas soluções para dar seguimento aos lances. Diego Costa, David Silva e Iniesta passaram por esta situação. Fundamentalmente, e talvez devido à ânsia do resultado, a Espanha não soube temporizar entre linhas e assegurar o devido apoio algo que fazia com qualidade em tempos não muito distantes

Já havia sido algo visível contra a Holanda e voltou a repetir-se. A tentativa de procurar Diego Costa na profundidade quando existiam poucas condições para o espanhol receber bola, nomeadamente porque a defesa chilena baixava (nota para o pouco critério de Silva). Depois se a largura de Pedro permitiu mais espaço ao meio, a verdade é que também procurou profundidade em situações onde talvez se pedisse um apoio mais dentro ao colega entre linhas. Silva e Iniesta, principalmente na primeira parte coincidiram várias vezes à esquerda, o que retirou à Espanha fluidez na circulação de bola, mas também dificultaram mudanças de corredor no meio-campo  adversário, que voltaram a não acontecer. 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Alemanha vs Portugal - Questões Defensivas



A estratégia de Portugal passava por condicionar cedo a construção alemã. Moutinho e Hugo Almeida inicialmente expectantes mas com o avançado a ter ordens para se adiantar e impedir o passe entre centrais quando Mertesacker recebia um passe dos médios. Ponto importante a destacar é a importância dada ao pivô. Portugal nem sempre foi competente, mas o objectivo de pressionar Lahm foi evidente com Raul Meireles ou Veloso a adiantarem-se para condicionar a acção do jogador do Bayern. Quando João Moutinho apareceu na zona de Lahm a pressão não foi tão efectiva.

Portugal teve muitas dificuldades em controlar o jogo pelo seu corredor direito, contribuindo para isso também a estratégia alemã. Portugal optou por garantir presença à entrada do meio-campo alemão tentando impedir aí a construção. A articulação entre Meireles e Ronaldo acabou por ser um problema com a bola a entrar  várias vezes entre linhas no espaço entre os dois. Ronaldo teve bastante dificuldade em recuar para os últimos metros e pareceu sempre demasiado adiantado dada a boa projecção do lateral Boateng. Meireles acompanhou Khedira quando este baixou para zonas próximas do pivô, deixando algum espaço entre sectores que nem sempre Veloso e raramente Moutinho foram capazes de preencher, permitindo à selecção alemã algum espaço para construir. Cabendo aos centrais portugueses, nomeadamente Bruno Alves, avançarem para o espaço entre linhas

Decorrente do escrito acima, Portugal no seu meio-campo defendeu por vezes nos últimos 30 metros com 7 jogadores. E aqui referência a Moutinho que numa pressão mais alta poderia ser um elemento chave para recuar e realizar cobertura nomeadamente a Meireles bastante exposto na primeira parte. Mesmo que a estratégia passasse por colocar o jogador do Mónaco numa posição mais central para impedir rápidas mudanças de corredor, a verdade é que a Alemanha conseguiu chegar ao último terço somente utilizando o lado direito.

Se existem aspectos a rever por Portugal é impossível analisar este jogo sem mencionar o mérito alemão. Tendo o adversário referências individuais, a Alemanha optou pela mobilidade dos seus jogadores. Muller a avançado, caiu frequentemente no espaço entre linhas ou à largura arrastando Bruno Alves, com Khedira a entrar no espaço deixado livre. A profundidade dada por estes dois jogadores e por vezes Ozil, fez com que a linha defensiva portuguesa baixasse deixando mais espaço para entrar com bola no meio-campo ofensivo, bem como aproveitar o espaço entre Meireles (na ajuda ao lateral) e Veloso, como aconteceu no lance do penalty que resultou no primeiro golo.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Inglaterra vs Itália - A Construção Italiana



Já não é de agora, nem certamente novidade, mas é cada vez mais evidente que Prandelli alterou a tradicional forma de jogar da selecção italiana. É verdade que os ingleses tiveram dificuldade em controlar o espaço, a começar pelos dois jogadores mais adiantados Sturridge e Sterling, mas o mérito italiano é inquestionável.

Desde logo a opção por colocar três médios em zonas centrais e permanentemente fora do bloco inglês. Pilro, De Rossi e Verratti conseguiram atrair através de uma circulação baixa os seus adversários expondo a Inglaterra ainda mais no espaço entre linhas. E aqui chegados, referência para alguma assimetria existente. Se à esquerda Marchisio foge regularmente para zonas centrais e até próximas de Balotelli para receber bola, Candreva procura zonas interiores à direita e tem constantemente o apoio do lateral Darmian. Candreva explorou várias vezes o espaço entre central e lateral ao aparecer na profundidade quando Darmian tinha bola (2º golo italiano, por exemplo) Numa equipa que valoriza tanto o corredor central a largura é assegurada essencialmente pelos laterais que são solicitados quando o meio está fechado quer para dar alguma redundância à posse de bola, quer em profundidade (mais Darmian) nas costas da defesa adversária através de um passe longo. Mesmo com a bola no último terço a Itália sabe quando distinguir quando não é possível progredir e aí a solução passar por procurar os médios atrás para estes com espaço procurarem jogar nas costas da defesa contrária, num movimento que ocorreu várias vezes e não pareceu inocente.

Última referência à construção italiana para o momento em que a Inglaterra se encontrava em bloco baixo com quase todos os jogadores próximos da sua área. Constantes mudanças de corredor, com os laterais a conferirem largura e a terem um papel importante na circulação de bola, sempre com apoio recuado por trás. Nestas situações um dos três médios mais recuados avançou para o espaço entre linhas, algo não muito visto noutro tipo de lances.

Nem sempre o momento de perda da bola correspondeu à qualidade ofensiva demonstrada. Não tanto por uma exposição excessiva quando a equipa tinha a bola, mas antes por algumas falhas de posicionamento e/ou de reacção à perda. O jogador italiano mais próximo da bola nesse momento tenta efectuar pressão, acontece que várias vezes um dos 3 médios mais afastados não dava a cobertura devida, deixando muito espaço no corredor central passível de ser explorado (no golo da Inglaterra acresce a má abordagem de Verratti ao fechar à direita). Nota também para alguma dificuldade em compensar as constantes subidas dos laterais. A opção dos centrais foi sempre baixar, retirando profundidade e aumentado o espaço entre sectores, mas estiveram várias vezes bastante expostos ao contra-ataque inglês

domingo, 15 de junho de 2014

Espanha vs Holanda - Estratégia Holandesa. Mérito e Questões Para o Futuro


A maioria das equipas quando defronta a Espanha tenta manter um bloco médio-baixo, com as linhas compactas impedindo que os espanhóis joguem dentro da sua estrutura. Esta forma de estar implica geralmente ausência de pressão aos jogadores que se encontram fora do bloco. A Holanda fez diferente, optou por colocar bastante gente no inicio do meio-campo espanhol, tentando com sucesso, perturbar a construção dos médios de La Roja. 

Os Holandeses tiveram numa primeira linha de pressão os 3 jogadores da frente. Sneidjer mais adiantado preocupado com pivô mais recuado espanhol, com Van Persie e Robben ligeiramente mais recuados para evitarem (e estarem preparados) para passes à largura (algo como 1+2). Depois, os dois médios de Jong e de Guzman a perseguir individualmente Xavi e Alonso (se por ventura um recuava e trocava com Busquets trocavam de jogador com Sneijder). A defensiva inicialmente composta por 5 elementos (3 centrais mais dois externos) rapidamente era desfeita quando um dos centrais se adiantava para pressionar (acabando por perseguir) ora Silva, ora Iniesta, ou mesmo outro adversário que por lá aparecesse momentaneamente. Foi assim que a Holanda, pese embora o maior ascendente adversário na primeira parte, impediu a Espanha de passar muito tempo no seu meio-campo.
A Espanha num primeiro momento não conseguiu responder. Muita procura por passes longos, ora para Diego Costa, ora à largura procurando os laterais, e pouca eficácia. Quando os jogadores recebiam de costas e pressionados não tinham apoio próximo tendo de recorrer a maioria das vezes aos centrais. Melhorou na segunda metade da primeira parte quando Alonso assumiu em construção quase o lugar de lateral esquerdo e Alba adiantou-se. Esta alteração provocou alguma dúvida a Guzman (par preferencial de quem aparecia à esquerda) e existiu mais espaço para jogar. 

Se a estratégia da Holanda foi eficaz em impedir a entrada da Espanha no seu meio-campo quando isso não aconteceu foram visíveis as dificuldades Com efeito, esta estratégia acaba por conceder bastante espaço entre linhas que não foi melhor aproveitado porque a Espanha foi incapaz de mudar corredor e colocar mais gente entre linhas no último terço. Estas questões foram ainda mais visíveis na segunda parte. Além do pressing do meio-campo não ser tão eficaz, as alterações da Espanha fizeram com que ameaçasse profundidade com frequência, obrigando a linha defensiva a recuar, expondo ainda mais o corredor central. Quando a Espanha passou a jogar com um extremo, Pedro, e Alba adiantados à esquerda a Holanda também sentiu dificuldades, pese embora a entrada de Lens para auxiliar a fechar corredor

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Brasil vs Croácia - O Brasil sem bola





Não foi exactamente uma estreia auspiciosa a do Brasil no Mundial, nomeadamente no capítulo defensivo, tendo inclusivamente mostrado algumas indefinições. Durante alguns períodos permitiu à Croácia construir em zonas baixas, e se isso não é muito surpreendente dada a qualidade do meio-campo com Rakitic e Modric, torna-se interessante analisar a resposta brasileira nestes momentos, sendo prováveis melhorias nos próximos jogos

O Brasil tentou condicionar a primeira fase de construção croata com Fred mais próximos dos centrais,  Neymar por trás, extremos adiantados a pressionar, sendo que, o duplo pivô se desfazia para um dos elementos, normalmente Paulinho, se adiantar para a linha de Oscar e Hulk. Não obstante o adiantamento, o Brasil acabou por se partir, pois quer Luiz Gustavo quer a linha defensiva assumiam uma posição mais conservadora, existindo espaço para a Croácia explorar entre sectores (é assim que o auto-golo de Marcelo acontece). O espaço entre linhas era aproveitado normalmente nas costas do extremo brasileiro que saia a pressionar mas não tinha a devida cobertura, Paulinho no meio mas adiantado e com referência individual, Luiz Gustavo bastante recuado.

Se há característica que salta à vista defensivamente no Brasil é o conservadorismo da linha defensiva. Quer quando a equipa perde bola (excepção feita aos momentos em que os laterais permanecem altos para pressionar), quer quando está em organização defensiva a tendência dos defesas é baixar mesmo para próximo da área. A rever o posicionamento do duplo pivô em bloco mais baixo, pois adiantaram-se na pressão e/ou foram atraídos pela marcação individual, permanecendo a última linha baixa o que permitiu espaço no interior do bloco.

Nota final para as dificuldades do Brasil no momento da perda de bola. As tendências descritas acima mantiveram-se, ou seja, linha defensiva tinha como prioridade baixar apesar da pressão dos homens da frente (ainda que nem sempre o portador da bola fosse incomodado), deixando à Croácia bastante espaço para progredir no corredor central. Apesar do duplo pivô os brasileiros tiveram dificuldade em controlar o meio porque além dos extremos nem sempre estarem disponíveis para reagir à perda e ocupar o meio, Luiz Gustavo longe da zona da bola, recuado, e Paulinho ou Hernanes adiantados acabaram por ser ultrapassados várias vezes

(Este é o primeiro post sobre o Mundial, competição que conto ir analisando com frequência ao longo das próximas semanas)