quarta-feira, 2 de agosto de 2017

FC Porto - primeiras notas ofensivas

O Porto tem impressionado nos jogos amigáveis, há mudanças notórias em relação ao passado recente e os adeptos estão, legitimamente, optimistas. 

Ofensivamente Sérgio Conceição estruturou a equipa em 4x4x2 com os dois alas a começarem por dentro quando a equipa constrói. Oliver e Danilo muito próximos dos centrais, iniciam o posicionamento fora do bloco adversário, nomeadamente Danilo, podendo adiantar-se à medida que a jogada decorre, e os dois laterais bastante projectados são quem dá largura na maioria das acções ofensivas.

O treinador já disse que o objectivo é chegar rapidamente à baliza adversária. Para isso o jogo do Porto parece passar por constantes mudanças de corredor essencialmente por fora do bloco adversário, utilizando os dois médios e centrais para atingir esse objectivo. Também os alas, Brahimi e Corona, podem recuar pontualmente para junto de Oliver e Danilo. Sendo que, os avançados conferem profundidade arrastando a linha defensiva numa fase inicial mas podem depois baixar para serem apoios frontais no meio, ou apoio ao jogador que se encontra a dar largura descaindo para a alas. Outro movimento interessante é o jogador com bola que após fazer passe se desloca para a frente levando adversário, permitindo ao apoio por trás receber bola tranquilamente.

O posicionamento de Brahimi e Corona a começarem dentro e profundos, bem como de Aboubakar e Soares, tem como efeito o facto de os 4 jogadores de trás terem mais espaço para circularem a bola e variarem corredor. Se a bola entra no lateral o ala desse lado pode abrir em profundidade ou se colega precisar de apoio permanecer próximo entre linhas. O argelino quando a bola se encontra na direita pode permanecer aberto para receber bola e procurar o desequilíbrio em condução

O Porto aposta bastante em situações de cruzamento. Coloca muita gente no corredor central e zonas interiores, o que faz com que o adversário feche o meio (foi assim pelo menos no jogo com o Depor) e exista espaço nos corredores laterais para explorar. O Porto chega a cruzamento após várias variações de flanco, tendo os médios, nomeadamente Oliver, um papel de grande destaque. É o espanhol que com a bola à direita surge como apoio por trás e procura lateral do lado contrário que vai aparecer já no último terço, e sem grande surpresa, e com o espanhol que o jogo colectivo atinge uma dimensão mais elevada.

Pese embora em algumas ocasiões a equipa ter 4 jogadores entre linhas (avançados e alas) contando até com a inserção de um dos médios, a prioridade parece ser ter jogadores por trás que garantam a variação de flanco para posterior cruzamento. Os quatro de trás tentaram alguns passes entre linhas mas sem grande sucesso (situação que naturalmente poderá ser revista). No entanto, pelos motivos enunciados anteriormente o jogo entre linhas no último terço não foi muito utilizado.

Pelo menos nesta pré-época o Porto conseguiu chegar à área adversária com 3/4 jogadores e não sofrer em transição defensiva, pelo contrário, este foi o momento em que foi visível a capacidade de a espaços remeter o adversário à sua área (o primeiro e segundo golos são consequência de recuperações de bola bem dentro do meio-campo do Depor). Se é verdade que Filipe e Marcano atrás estão preparados para avançar no terreno para impedir contra-ataque, bem como a reacção à perda de bola dos colegas é muito interessante, posicionalmente o Porto nem sempre parece estar nas melhores condições dado o avanço de muitos jogadores existindo algum espaço no corredor central passível de ser aproveitado.

Sérgio Conceição disse que faltava à equipa descansar com bola porque, acrescento eu, existiu alguma precipitação em vários momentos na primeira parte. Falta também ver como será quando o adversário condicionar mais a acção dos 4 jogadores que atrás começam a construção da equipa ou quando o jogo exigir alguma redundância na circulação da bola. Neste sentido o jogo com o Estoril poderá ser muito interessante de seguir

No entanto, quer pelas dinâmicas quer pela capacidade demonstrada em transição defensiva que lhe permite passar muito tempo no meio-campo adversário acredito que o Porto será mais dominante que no ano anterior e com mais soluções para fazer frente a adversários que irão jogar com o bloco mais baixo.



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