A principal novidade no Sporting 2017/2018 frente ao Belenenses em comparação com a temporada anterior acabou por ser a colocação dos dois alas, Iuri Medeiros e Matheus Oliveira, em zonas interiores/corredor central, sendo esse o ponto de partida que acabou por condicionar a restante dinâmica.
Iuri e Matheus começavam já por dentro (coincidindo em zonas interiores e entre linhas) com Dala também a baixar para tentar receber. Ver imagem abaixo
Naturalmente, os laterais ficaram encarregues de conferir largura. Piccini à direita apareceu mais vezes adiantado, nomeadamente nos primeiros 20 minutos, que Geraldes à esquerda.
Não tendo que ser obrigatoriamente desta forma, a colocação dos dois alas a começar dentro e Dala a pedir em apoio do lado da bola, parece ter sido causa de um aspecto que marcou a primeira parte, a falta de profundidade do Sporting e consequente incapacidade para chegar com frequência ao último terço.
Os alas por dentro a recuar para dar apoio ao portador da bola e os avançados sem realizarem movimentos para a frente, raramente e também por acção dos laterais os leões conseguiam fazer recuar a linha defensiva do Belenenses que se apresentou alta e avançar no campo.
Petrovic e Battaglia no meio-campo contribuíram para a aglomeração, e por vezes sobreposição, no corredor central. Jogaram muito próximos entre si com o sérvio a colocar-se demasiado adiantado sem se revelar uma linha de passe válida, situação parcialmente resolvida na 2ª parte quando baixou com maior frequência para junto dos centrais realizando uma saída a 3.
Na imagem é possível verificar o referido acima. Piccini adiantado faz linha defensiva contrária baixar com 5 jogadores entre linhas todos de frente para o portador da bola. Paradoxalmente, o Sporting não conseguiu jogar nesse espaço, na minha opinião, por duas razões: a colocação dos alas entre linhas numa fase precoce da construção fez com que o Belenenses fechasse o corredor central e não visse necessidade de baixar linha defensiva não aumentando o espaço de jogo efectivo, controlando a largura com os extremos a acompanhar laterais, e também porque Iuri e Matheus baixavam para fora do bloco azul, fazendo com que quando surgia um passe vertical entre linhas o portador da bola ficasse sozinho com poucas opções de passe (inclusive à largura), agravado pelo facto de o adversário estar concentrado no meio. Na imagem Dala recebe entre linhas um passe de Iuri, Battaglia e Piccini não acompanham a progressão do lance e Matheus demora a fazê-lo, ficando o angolano praticamente sozinho contra vários jogadores adversários.
Na primeira parte a excepção a estes lances aconteceu quando Dala descaia entre linhas a passe de Iuri, que havia recuado, procurava Piccini à largura
Na fase de construção o Sporting tentou ainda Battaglia a abrir na esquerda com a projecção do lateral, uma situação que carece ainda de treino.
Na 2ª parte o Sporting modificou algumas destas situações. Desde logo, com a entrada de Bruno Fernandes passou a ter alguém preocupado em arrastar a defesa contrária (que de si também já se mostrou mais conservadora) através de vários movimentos explorando também o espaço de dentro para fora, algo recorrente dos jogadores nesta posição com Jorge Jesus. Na imagem, o jogador português leva os defesas e Petrovic procura a largura no corredor oposto.
Por outro lado, Petrovic apareceu a jogar uns metros mais atrás, o suficiente para Battaglia (enquanto estiveram em campo) ter um pouco mais de espaço para jogar. Os alas apesar de estarem em espaço interior não procuraram tanto o corredor central e a aglomeração da primeira parte desapareceu, fazendo com que existisse maior dúvida na defesa adversária, chegando o Sporting com maior facilidade ao último terço adversário.
Globalmente o jogo do Sporting trouxe duas novidades que a serem mantidas, com o devido treino me parecem positivas para o jogo da equipa: mais gente no corredor central em comparação com a época anterior, e relacionado com este aspecto, a correcção daquele que foi, no meu entendimento o maior entrave ao desenvolvimento da equipa em 2016/2017, a procura constante de combinações nos corredores laterais para acabar em cruzamento, onde a variação de corredor não era equacionada demasiadas vezes, forçando pelo mesmo lado.
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