Na época passada um dos movimentos mais característicos do Manchester City passava pelo recuo de Aguero para o espaço entre linhas servindo de apoio frontal, de costas para a baliza adversária, como suporte ao passe vertical proveniente normalmente dos centrais ou médio defensivo.
A situação voltou a repetir-se no primeiro jogo da pré-época diante do Manchester United. O curioso é perceber como a equipa está toda preparada essa situação e os movimentos estão ligados para Aguero ter espaço para receber bola e os colegas lhe conferirem linha de passe quando a tem.
Aqui o principal destaque vai para o papel dos dois interiores (neste jogo na primeira parte De Bruyne e a promessa Foden). Numa das situações mais frequentes em termos de construção, os laterais ficam praticamente paralelos aos centrais + o pivô com os interiores a darem bastante profundidade, existindo uma dupla consequência, faz com que a linha média adversária tenha tendência para recuar conferindo assim espaço para a saída curta e permite, em teoria, aos médios estarem mais perto de Aguero (ou do avançado) para receberem a bola.
Na imagem com a bola no central que tem espaço para conduzir é possível ver De Bruyne a abrir, Pogba a perseguir deixando espaço para Aguero baixar. Neste caso será Yaya Toure o apoio frontal.
Importante também o posicionamento dos extremos. Preferencialmente abertos conseguem fixar os laterais com a linha defensiva estendida à largura, o que também acaba por facilitar o passe vertical.
Quanto à eficiência deste tipo de construção no jogo com o United, a verdade é que nem sempre os citizens foram capazes de esperar pelo momento certo para procurarem o passe vertical, que também surgiu quando as hipóteses de sucesso eram diminutas, nomeadamente não tendo ainda desequilibrado o suficiente o adversário, nestas situações o United ainda se encontrava compacto e acabou por controlar alguns lances recorrendo sempre à perseguição a Aguero por parte de um central. Aqui o City foi mais eficaz quando conseguiu atrair a zonas baixas mais adversários.
Esta parece ser uma solução interessante e a ser utilizada contra equipas que procuram acompanhar os médios em marcação individual. No entanto, ao tornar o jogo declaradamente mais vertical o City corre o risco de perder fluidez e consistência na posse.
Para o futuro da equipa fica a incógnita. Esta forma de construir faz com que os laterais não se adiantem muito e possam até juntar-se ao médio defensivo, chegou a acontecer neste jogo, e disfarce a falta de médios cuja principal característica é pautar o jogo de frente para o bloco adversário (a excepção será Gundogan). No entanto, com a contratação de Walker, Danilo, Mendy, laterais muito ofensivos, e Bernardo Silva, que se notabilizou a jogar de fora para dentro no Mónaco, fica a curiosidade para entender como Guardiola irá estruturar e montar a equipa para este ano.
No futuro, e a manter-se este tipo de construção, voltarei ao tema para explorar de forma mais aprofundada o posicionamento do pivô, que também influencia o espaço que os centrais têm para conduzir, e como decorre o jogo do City depois de a bola chegar ao jogador que recebe o passe de Aguero. Neste jogo boa parte dos problemas também se deram aí.
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