O PSG juntamente com o Bayern Munique e Barcelona é talvez a equipa que mais faz por ter a bola, adicionando à inquestionável valia ofensiva individual, também qualidade colectiva e o jogo frente ao Chelsea na 1ª mão da Liga dos Campeões foi mais uma prova disso.
No entanto, sem bola os franceses tiveram alguma dificuldade em lidar o ataque do Chelsea, ainda que controlassem boa parte da partida. O PSG defende num bloco médio mas a linha defensiva é de risco praticamente nulo e tende a baixar, por vezes bastante cedo o que potencia o espaço entre linhas (onde o Chelsea jogou com uma facilidade inusitada para este nível). Neste cenário seria expectável que a linha média acompanhasse o recuo, mas acontece o contrário. Verratti, Thiago Motta e Matuidi (3 jogadores do meio-campo) saem constantemente ao portador da bola, até porque o PSG raramente não tenta pressionar quem tem a bola. Se a congruência já poderia ser questionável, é visível que quando um médio sai à pressão os restantes colegas do sector não asseguram cobertura o que também permite ao Chelsea jogar dentro do bloco adversário no corredor central. Os extremos (inicialmente Di Maria e Lucas) tendem a ficar abertos com a referência de posicionamento no lateral adversário nem sempre fechando espaço interior (Lucas com tendência a baixar para junto da linha defensiva). Nota igualmente para os acompanhamentos individuais feitos não só pelos centrais, como também dos restantes jogadores aos movimentos sem bola do Chelsea que não pareceram ser devidamente equacionados pelos colegas quando aconteciam
Na ânsia de pressionar os médios do PSG foram ao corredor lateral (nomeadamente à direita porque nem sempre Di Maria baixa) mas não protegiam o espaço central e a bola entrava no meio. Ao longo do jogo foi possível ver que a pressão do PSG tentava não raras vezes cortar linhas de passe atrasadas e para o lado, mas não impedia a progressão para a frente (essencialmente pela orientação corporal dos jogadores). É perceptível que quem está mais longe da zona da bola nem sempre tem a preocupação de se colocar atrás da linha da bola entre esta e a baliza, isto permitiu ao Chelsea mudar de corredor por dento do bloco adversário
Por outro lado, com a bola no seu último terço, e porque nem sempre colocava muita gente no centro de jogo, o Chelsea conseguia jogar nos apoios recuados. No momento do passe para trás novamente era visível o conservadorismo da linha defensiva que permanecia baixa ou demorava a subir, em contraste com o adiantamento dos jogadores da linha média. Como alguns médios eram atraídos ao corredor lateral e os que se encontravam mais longe da bola não reajustavam, em alguns lances como é possível ver no video acima o corredor central encontra-se desprotegido, quando a bola volta para a frente após ter ido atrás.
Sendo uma equipa que gosta de ter bola, é visível que a transição defensiva do PSG é trabalhada. Como raramente coloca muitos jogadores à frente da linha da bola a atacar, acabaram por controlar boa parte dos contra-ataques do Chelsea. Ainda assim em alguns lances que trago no final do video, por vezes as características defensivas acima expostas mantiveram-se, desde logo pela pressão dos médios sem cobertura, com linha defensiva baixa e o Chelsea a sair através desse espaço. Notar também alguma falta de reacção à perda dos jogadores da frente, bem como a referência individual dos médios. Ao contrário do processo em organização defensiva, creio que para a transição ser ainda mais eficaz bastam alguns reajustes no posicionamento para o controlo do jogo na segunda mão ser mais efectivo
Qual seria aqui a melhor forma para pressionar o Chelsea por exemplo, na saída de bola?
ResponderEliminarCumprimentos
Boa noite,
ResponderEliminarQuando não jogava longo pelo GR, o Chelsea tinha tendência para sair a 3 com o recuo de Mikel e projecção dos laterais. O PSG tendia a adiantar bastante um dos médios (Verratti ou Matuidi) com os extremos preocupados com os laterais a ficarem muito abertos. Isto fazia com que existisse espaço no corredor central para jogar até porque a linha defensiva era conservadora.
Mantendo o princípio de pressão constante do PSG, acredito que no essencial a estratégia poderia passar por fazer adiantar um dos médios para pressionar mas fechar espaços interiores quer por acção dos extremos (Lucas e Di Maria) quer por cobertura a quem sai na bola por parte dos outros dois médios. Outra hipótese seria, por exemplo, os extremos numa posição interior bloquearem linha de passe entre central e lateral, tentando impedir largura, com os 3 do meio-campo a pressionar numa zona ligeiramente mais baixa com uma linha defensiva mais alta.
Permite-me concluir dizendo que + do que a saída de bola, o PSG teve dificuldades em pressionar quando Mikel e Fabregas estavam a par fora do bloco pelos motivos apontados no post. Nada contra alguém sair à pressão nesse momento, mas creio que era um gesto individual e não existia reajuste (no video é visível ver a bola a entrar nas costas de quem pressiona). Aí uma linha defensiva mais alta, extremos mais próximos dos médios e estes a fechar espaço interior consequente da pressão dos colegas creio que já ajudaria o PSG a recuperar a bola mais cedo e com menos jogo próximo da sua baliza/no seu meio-campo.
Obrigado pelo comentário,
Abraço