quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Borussia Monchegladbach vs Werder Bremen - Apoio frontal e intensidade ofensiva




Actualmente do ponto de vista ofensivo, o Borussia Monchegladbach é uma das equipas que mais entusiasma no futebol alemão. São aliás o terceiro melhor ataque só superados por Dortmund e Bayern Munique.

A equipa de Schubert tem como estrutura 4x4x2 clássico utilizando os dois avançados como referência para apoio frontal, aspecto decisivo na forma como atacam. Na primeira fase de construção os centrais abrem bastante e os laterais são projectados. Nordveit e Mahoud os dois médios centro baixam à vez e em linhas diferentes à largura com a hipótese de Nordveit recuar para junto dos centrais formando linha de 3. O ala (Johnson ou Hazard) do lado da bola normalmente vai ligeiramente para dentro com os avançados a poderem recuar, fazendo com que a equipa coloque muita gente no corredor onde a bola se encontra, valorizando também o espaço interior (entre corredor central e esquerdo/direito). Nota para o comportamento diferente dos dois alas quando a bola está no lado contrário ao seu. Enquanto Johnson procura muito o espaço interior e movimentos em profundidade, Hazard tem tendência a permanecer aberto para dar largura à direita e ser solução quando jogo roda.

Mesmo sendo paciente e valorizando a posse da bola, o Borussia Monchegladbach parece esperar constantemente o momento certo para fazer um passe vertical que procura um dos avançados ou em alternativa o extremo que vai dentro, realizado quer pela linha defensiva, quer pelos dois médios que neste momento normalmente ainda estão recuados e fora do bloco adversário. Quando a bola entra dentro do bloco adversário por esta via, existe o cuidado de ter um apoio frontal próximo. Se a bola entra em Raffael ou Stindl (avançados) que recebem de costas há quem esteja próximo para dar linha de passe os jogadores parecem reconhecer a importância desse momento, sendo que, este apoio pode vir do lateral que vai dentro, de um médio centro que aproxima ou do ala do lado da bola.

Em complemento ao acima descrito, existem constantes movimentos à profundidade da parte de quem não tem bola, que visam não só tentar explorar as costas da defesa adversária como arrastar marcação. São realizadas num timming interessante e faz com que o apoio frontal tenha sempre linha de passe à sua frente ou pelo menos espaço para progredir. O Borussia Monchegladbach também tem soluções para variar o corredor de jogo, ainda que se disponha de forma assimétrica. Quando a bola começa à esquerda é Hazard (ala direito)  que dá largura à direita e pode receber passe potenciar situação de 1x1, enquanto que, quando o lance se desenrola à direita, Johnson pode ir muito para dentro, ficando a largura para o lateral Wendt.

Nota na fase de construção para os movimentos de Mahoud que começa recuado e próximo do outro médio centro, Nordveit, mas revelou um bom timming de entrada no espaço livre, quer nas costas da pressão mais adiantada do Bremen, sendo solução de passe para a sua linha defensiva, quer como apoio frontal aos avançados quando recebem de costas.

Outro aspecto interessante no Borussia Monchegladbach é a sua abordagem ao último terço, e à forma como jogam na grande área adversária. Principalmente na primeira parte o portador da bola se vir que não há condições de progressão, pode travar o jogo perto da área adversária e procurar apoio recuado que normalmente é rápido a chegar. Com dois médios-centro e dois avançados a bola tende a ir de fora para dentro com os jogadores a procurarem tabelas  ou combinações a três, com inserções de trás para a frente. Mesmo aqui há arrastamento de quem não tem bola para permitir que colega receba com espaço livre. Daí a referência a "intensidade ofensiva" no titulo do post, pois os jogadores do Borussia Monchegladbach procuram apoiar o portador da bola especialmente quando esta está dentro do bloco adversário com o colega pressionado. Como é possível ver no lance do segundo golo, estas características mantém-se mesmo dentro da grande área, com passes para trás, combinações e inserções constantes de quem não tem bola.

O mesmo acontece quando a equipa tem hipótese de em transição ofensiva atacar rapidamente. Numa fase inicial quando recuperam bola, tentam se possível acelerar o jogo procurando a um/dois toques os avançados, sendo a equipa muito forte a reagir, continua a existir movimentos à profundidade e apoio frontal a quem recebe de costas mais combinações e tabelas no último terço. Nota para o facto de na segunda parte frente ao Bremen nem sempre terem sido capazes de manter o critério forçando em demasia a progressão, o que levou à perda de muitas bolas, fazendo com que o jogo a espaços ficasse partido

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Nápoles - Organização Ofensiva vs Empoli




O jogo do Nápoles frente ao Empoli no passado domingo, vieram confirmar a qualidade da equipa de Sarri, ainda que o contexto fosse especialmente favorável.

O Nápoles apresentou-se no habitual 4x3x3. Muita posse de bola e a fazer uso dos 3 corredores para jogar. Preferência pelas saídas curtas na 1ª fase de construção com os centrais bem abertos e os três jogadores do meio campo (Jorginho pivô, Allan e Hamsik interiores direito e esquerdo respectivamente) sempre próximos entre si à largura, ainda que um deles acabe por estar mais adiantado dando profundidade e recebendo bola sistematicamente no espaço entre linhas nestas situações. A dinâmica Jorginho-Allan-Hamsik é aliás muito curiosa. Como é possível ver no video, na 1ª fase de construção descaem para o lado da bola com Allan e Hamsik frequentemente mais abertos que o habitual em espaço interior como apoio aos laterais adiantados e utilizam os centrais como apoio frontal quando recebem de costas. Ainda que pontualmente no meio-campo adversário se insiram entre linhas ou até na procura da ruptura nas costas da linha defensiva, no último terço ofensivo têm a preocupação de serem apoios recuados à circulação de bola.

A grande intenção do Nápoles parece ser atrair o adversário a um lado e/ou ao corredor central para deixar o extremo do lado oposto em boas condições de 1x1. Foi assim que surgiu o primeiro e terceiro golo, por exemplo. Callejón e Insigne (substituído depois por Mertens) têm tendência a começar o ataque largos (o que potencia os movimentos de abertura dos interiores) ainda que possam aparecer no espaço entre linhas. Nota para o facto do extremo do lado contrário, estar aberto mas em zona interior fazendo com que receba bola no último terço perto da grande área e gerir muito bem as inserções do lateral, já que, têm como preocupação permanente não ficarem na mesma linha de acção.

A qualidade colectiva do Nápoles e a preparação para os vários momentos é visível na forma como quem recebe de costas tem quase sempre apoio frontal, ou como a equipa reage constantemente à circulação da bola, nomeadamente quando identificam que o corredor lateral está fechado e procuram jogar atrás, os médios são fortes a baixar para serem opções de passe e dirigirem jogo.

Referência para a forma como o Empoli abordou a partida. Em 4x3x1x2 a tentar pressionar alto e com os 3 da frente a serem ultrapassados com frequência não fechando o corredor central posteriormente, coube aos 3 do meio gerir a largura. Ora, como é visível no video, permitiram ao Nápoles constantes trocas de corredor com a bola, ficando sempre indefinido quem saia à pressão ao corredor lateral e quem assegurava a respectiva cobertura, não admirando por isso a facilidade com que a bola estando a largura voltava ao meio e as situações de 1x1 no corredor lateral após variação de corredor