quinta-feira, 28 de março de 2013

Tottenham vs Arsenal E O Controlo Da Profundidade

Rio Ferdinand designou, no Twitter, como "suicide football", a forma como a linha defensiva de ambas as equipas permanecia constantemente adiantada. É uma das imagens de marca, do Arsenal de Wenger, mas também várias vezes utilizada por Villas Boas.

A juntar aos dois golos do Tottenham, foram várias as situações de desequilíbrio (ainda que de diferentes formas) provocadas por tentativa de exploração do espaço atrás da última linha defensiva ( "as costas da defesa").

Quer situações em que resultaram de transições ofensivas, quer  em situações onde quem defendia tinha mais gente disponível, e encontrava-se aparentemente mais equilibrado  quase todas têm algo em comum: a falta de pressão, normalmente da linha média, ao portador da bola, o que possibilitou passes de ruptura.

Será visível no video abaixo, como ambas as equipas (e nomeadamente a linha defensiva) expostas, e no último momento reagiram de forma diferente.No Tottenham, mais coordenado, os centrais recuavam tentando acompanhar a desmarcação adversária. Por outro lado, o Arsenal forçou ao máximo o fora de jogo.

(Errata: No minuto 2:17 é em Cazorla que Dembélé está focado, não em Arteta)





terça-feira, 19 de março de 2013

O 2º Golo Do Paços Em Olhão

O 2º golo do Paços de Ferreira em Olhão (ver aqui) é um daqueles lances, em que ao (muito) mérito de quem ataca, se junta (também em consequência da qualidade ofensiva) sucessivas decisões discutíveis por parte de quem defende.

Quando a bola passa da direita para o meio (como ataca o Paços), Rui Duarte sai em pressão ao pivô,  numa situação normal. O extremo do Olhanense mais perto da bola permanece aberto (talvez preocupado com o lateral contrário), mesmo estando a bola no corredor central. 

Quando Luíz Carlos recebe a bola de André Leão (aos 6 segundos no video), já no meio campo adversário e no corredor central, os extremos do Olhanense estão muito abertos e fora da jogada. Restam aos algarvios a linha defensiva e o duplo pivô. 

Com a linha defensiva  subida, um dos jogadores do duplo pivô (Lucas) sai à pressão a Luíz Carlos. O seu colega de sector, ao invés de fornecer a respectiva cobertura, fica fixado em Vítor, que está em zona interior do lado direito (conforme ataca o Paços, vísivel aos 7 segundos). Esta situação irá permitir a Manuel José aparecer no corredor central, com tempo (e espaço) suficiente para jogar de 1ª e devolver a Luíz Carlos num espaço interiro enorme, entre Targino e o duplo pivô.

Uma vez que, Manuel José, apesar de extremo apareceu no corredor central, é o central Nuno Reis que o acompanha quando toca pela 1ª vez na bola. É precisamente nesse espaço que deixa livre na "perseguição" e que a restante linha defensiva do Olhanense não consegue reparar, que Luíz Carlos acabará por fazer a assistência para Manuel José concluir a jogada.  Quando Nuno Reis persegue Manuel José, nem André Micael (o outro central), nem Jander (defesa direito) ajustam posição. Se no caso do lateral é incompreensível, já com Micael, percebe-se na repetição que estava demasiado focado na marcação Cícero. Ao longo de todo o lance é visível a enorme preocupação dos jogadores algarvios com a referência individual.

Apesar de tudo, muito mérito para os pacenses. Souberam quando conduzir bola, ou jogar ao 1º toque. Com espaço entre sectores no adversário não caíram na tentação do transporte, como por vezes acontece até em equipas maiores, sendo que aproveitaram o espaço livre para aparecer, e jogar com poucos toques, já bem dentro do meio campo adversário

segunda-feira, 4 de março de 2013

Bradford vs Swansea - Quando A Vantagem Numérica Não É Suficiente

José Carlos,  comentador Sporttv na final da Taça da Liga Inglesa, disse a propósito do 1º golo dos black swans: "O Bradford deslumbrou-se um pouco, conseguiu chegar perto da área do Swansea, colocou muita gente lá na frente". Como veremos, a afirmação é demasiado fácil, já que, o golo surge numa jogada de contra-ataque. Mas não chega para explicar, como uma equipa que no momento em que perde a bola tem 7 jogadores atrás da linha da bola, e 6 no passe que desequilibra, e permite a condução de Routledge, acaba por permitir um ataque tão rápido do adversário.

É frequente ouvir comentadores e treinadores falarem na importância da "superioridade numérica", nomeadamente quando as equipas se encontram a defender. É, sem dúvida, um factor importante. Não obstante, pode tornar-se insuficiente, quando o adversário continua a ter espaço para jogar (e progredir)

Como será possível ver no video abaixo, o Bradford não se "deslumbrou" propriamente com facto de estar a atacar, mas não preparou da melhor forma o momento em que poderia perder a bola, apesar da quantidade de jogadores envolvidos e que se encontravam atrás da linha da bola.